04 janeiro, 2017

Fin(a)da mágoa



E como fazer para lidar, então, com a mágoa, o ressentimento, que passaram tempos trancafiados na masmorra das lembranças ruins? Sempre assim... Sentimentos que não nos trazem boas emoções ficam escondidos, por mais que deles tenhamos consciência. E quando, sem serem chamados, vêm à tona por um motivo qualquer – uma pessoa que encontramos, uma conversa como que sem assunto –, nós procuramos em vão por aquele equilíbrio pelo qual nos gabamos tantas vezes, por aquela calma com a qual muitos nos definiram, pelo mantra, frase, mudra, a borda escorregadia da piscina funda. Mas sequer as palavras saem no tom usual, e o que falar do corpo, que sacoleja, e anda como quem quer fugir, e treme em pleno verão de 35 graus na moleira? A emoção nos vence tão facilmente que nos deixa com raiva de nós mesmos. E da raiva vem o choro, escondido sob o capacete, que acaba com o restinho de estabilidade emocional, e nos faz lembrar fraquezas, pontos fracos, vulnerabilidades... Só falta abrir as grades onde repousavam esquecidas frustrações e rejeições. Ah não, dias de tpm? Haja, haja respiração e inspiração, chocolate ou cerveja, banho frio e um treino de pontapés. Mas passa. Benzadeus, passa. Só que há de convir.... Se causou tanto estardalhaço no interior do ser, é sinal. Dos importantes. Melhor chorar mais e mais, e respirar e inspirar, e no final de alguns goles, ou de uma boa conversa (melhor seria após uma iluminada meditação) se dar conta de que nada existe para ficar trancafiado, nem as emoções ruins. Libertas, que elas finalmente vão embora na poeira do tempo, e cremadas se encerrem na paz da dor de cabeça quando acaba.


sem lama, não há lótus.

Um comentário:

Unknown disse...

Que lindo, Tati! Que seja um ano de libertar mais e trancafiar menos. Amooo vc! Conta comigo sempre que precisar. Aliás, na próxima semana quero almoçar contigo tá?! Então tá. rs Beijos