22 fevereiro, 2010

Que assim seja


Uma hora as coisas mudam, mais cedo ou mais tarde, esperando ou não, querendo ou resistindo... Simplesmente mudam. Uma hora a gente percebe que determinado caminho é, na verdade, uma espécie de estacionamento. Onde a gente, por um tempo, descansa, mas uma hora, como agora, se cansa. Não se trata de rejeitar o que passou, mas guardá-lo num lugar devido, muito especial, valioso para que se chegasse a esse momento. Não se pode renegar o que se viveu, todos deveriam saber, esquecer assim, como se não tivesse acontecido - ou, pior, tivesse sido ruim. Tudo, dizem, tem seus dois lados. Cabe a nós esse discernimento. E eu, como sei, sempre teimando em ver o lado bom até do lado ruim... O resultado é que eu mesma me engano... Isso não é novidade... Mas juro, estou aprendendo a ser mais "aguçada", para a preservação da minha espécie, que é a tua, que é o outro, e merece essa claridade. E se as coisas mudam é porque mais claras se tornam. As reais necessidades, o percurso da existência, a continuidade da evolução. O sentimento mais puro. Um resgate da essência. Que tudo o que ficou siga alimentando a história. E o que virá, seja bem-vindo.

"Vou imprimir novos rumos
Ao barco agitado que foi minha vida
Fiz minhas velas ao mar
Disse adeus sem chorar
E estou de partida
Todos os anos vividos
São portos perdidos que eu deixo pra trás
Quero viver diferente
Que a sorte da gente
É a gente que faz"

Novos rumos - Paulinho da Viola

08 fevereiro, 2010

do novo ao velho, do rock ao carnaval


Ontem, me dei conta de que não se deve boicotar a vida, nem por um segundo. Parece óbvio. É. Mas às vezes... acontece. E acontece também de o óbvio te dar um soco, de repente, na mais singela situação. Ninguém percebe, ou quase ninguém. Mas a ficha cai. Entre amigos novos, por exemplo, pessoas que já admiro, me peguei tímida, com uma máquina na bolsa e sem coragem de tirá-la para registrar momentos e imagens que eu não gostaria que esvaíssem da minha memória pouco confiável. Era aniversário de um deles, na verdade, a véspera do aniversário. E eu lhe dei um sincero parabéns pelo último dia em que ele teria 26 anos nessa vida. E, de repente, o soco. Ele nunca mais vai ter 26 anos. Nem eu um domingo como aquele. Assim como eu não sabia se teria outra chance de fotografá-los tocando, assim, entre amigos, sorrisos largos, irmandade, conexão visível e invisível. Assim como ninguém sabe o que vai acontecer amanhã, logo mais, no futuro próximo ou longínquo. A vida é intensa, sempre, mas só se quisermos. Em todo e cada sentido. E os sentidos, dessa forma, ficam mais aguçados. O sentimentos, mais puros. Queria muito ter ficado lá... O rock me alimenta o espírito nesta cidade. E novos amigos me emocionam, ensinam, inspiram. Mas eu precisava seguir em frente para rever outros, estes de décadas, encerrar o domingo contando e filosofando os intensos acontecimentos recentes da vida, e ouvindo, recebendo, doando ouvidos, olhos... atenção. Pronto. Feito? Não... Quase em casa, o som dos tambores me sequestrou mais uma vez! Não, não eram os maracatus das ladeiras de Olinda, mas o samba da União da Vila!!! Aqui não é Pernambuco, mas é a minha casa. E sou grata por isso.





... que cada dia de seus 27 anos sejam intensos e verdadeiros. Parabéns pela vida (e amigos) que tem.

06 fevereiro, 2010

Um lugar de alguém



Uma energia forte, ode à vida, que esquece a morte e a sorte é a lida
Uma alegria nativa, abraço de olinda, que recebe a visita e transforma sua sina
Um encontro intenso, fusão de sentimento, regado a som e lampejo, êxtase e descobrimento
Um momento...
Seu brilho na pele lisa, olhar marejado em emoção, dragão fêmea na mão, coração de índio desarmado
Uma lótus expoente, poente sol à frente, cores e aromas na mente, e que parte de repente...
Com uma segunda pele presente
Saudade imensa assim, só o amor assina, e devolve ao universo, eternizado e à deriva