15 outubro, 2007

Palavrar em vão

Lançam mão de meu sucesso
Reconhecimento nesta servidão
Valorização das horas-extras
Tempo recorde em série-produção
Estas palavras que de mim se apoderam
Que não querem minha promoção
Palavras que saltitam através de meus dedos
E insistem em fazer versos em vão
Quão insanas, inválidas, insossas
Prepotentes, sobrepõem-se à direita razão
Apontam, cutucam, esfregam
A cada momento, a fétida inspiração
- esta que me resume, entrega, ilumina o que trago dentro do peito
Como se fosse razoável ouvir o que diz o coração
Deixem-me trabalhar, palavras incontidas
Recolham-se à sua inexatidão
Aconcheguem-se no canto escuro que já conhecem
- mas respirem, mantenham-se vivas
Antes que eu ordene aos sonhos que as petrifiquem em ilusão


Tati

2 comentários:

Anônimo disse...

Forte,lindo.As vezes sinto essa revolta também.

Bruno Pessa disse...

Belíssimo!
Não tá postando mais? :(
Saudadeee!
bjoo