09 novembro, 2006

aparecida

como é bom viver assim
sem a menor aventura
sem nó atado à garganta
nem a desventurada espera
por uma notícia na berlinda
ela finalmente apareceu
podemos respirar até o fim
o que fica dessa experiência
é a fragilidade, minha, nossa, dela
quão despreparados somos nós
crianças com medo de cabra cega
fracos, importentes, entregues
onde está a força que dizemos ter?
a luz, calma, serenidade
sempre desejados com irritante segurança?
somos frágeis feito um gatinho nascendo
inocentes assombrados pela culpa
o orvalho que a manhã esquenta
ninguém guarda a não ser a chuva
uma lâmpada que de repente queima
é maldita e, trocada, esquecida
nós, por instinto, lutamos
pela vida - e contra ela existe muito
sejamos fortes, pelo menos uma vez
e que não haja uma próxima vez

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